quarta-feira, 15 de abril de 2009

CARTA ABERTA À MINHA FILHA!


Olá, querida!


Só te escrevo estas linhas para te recordar que, muito além do amor que sinto por ti, estou pronta para aceitar aquilo que tu decidires. Se,conforme a vontade que tantas vezes tens expressado, até mesmo em tribunal, quiseres voltar para mim, para a nossa casa, ficarei imensamente feliz. Se quiseres permanecer onde estás, nessa casa que também é tua, eu aceitarei. Ainda que isso me custe...

Isto é o que te tenho dito. Isto é o que continuarei a dizer. Tu sabes que sim.

Vejo-te como um pássaro. De forma alguma te quero aprisionar. Antes te quero livre. E sei que voarás bem alto e, talvez, bem longe.

A vida é tua. Tu, somente, sabes o que te faz feliz. E eu, bem como todos aqueles que te amam, tudo farei para que isso aconteça.Para que sejas feliz. Para que se cumpra a tua vontade.
O meu maior desejo é ter-te junto de mim. É um desejo de mãe. Não se discute.
Porém, compreendo que não te devo impõr o que quer que seja. E não o farei.
Compreendo que é preciso ser paciente, dar tempo ao tempo. O que for, será.
E sei, que, apesar de distantes uma da outra, nunca estivemos mais próximas. Que nada, nem ninguém, nos pode separar. Que nunca te perdi.
E tu sabes que eu nunca te esqueci (embora parecesse o contrário!)

Porque o meu principal objectivo é a tua felicidade e a felicidade da tua irmã.
Estou certa que esse é também o principal objectivo de todos os restantes familiares.
Porque todos nós te amamos, de igual modo, e queremos, de modo igual, que sejas feliz. O resto pouco importa, se não fores, de facto, feliz...

Da que sempre te amou e sempre te amará!
Tua Mãe

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DEUS QUER, O HOMEM SONHA, A OBRA NASCE!

I. O INFANTE Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te portuguez.. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!


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Sara Campos

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O que me dá autoridade para vos dizer o que aqui vos digo? A autoridade de filha que sabe o que é viver longe dos pais; a autoridade de criança que viveu num quadro de violência e de maus-tratos; a autoridade de criança que sempre viveu em instituições; a autoridade de mãe que sabe o que é viver longe da filha; a autoridade de ex que sabe o que custa um sacrifício para não afastar uma filha do pai e que, ainda por cima, é penalizada pela justiça no momento em que decide mudar de local de residência, em busca de melhores dias; a autoridade de quem viveu com crianças (muitas!) e sempre trabalhou (e ainda trabalha) com crianças. Em suma: toda a autoridade.