quarta-feira, 14 de abril de 2010

JAIME SALAZAR SAMPAIO (1925-2010)

O poeta e dramaturgo Jaime Salazar Sampaio morreu na terça-feira em Lisboa aos 84 anos, informou a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

Jaime Salazar Sampaio nasceu em Lisboa a 05 de maio de 1925. Formado em engenharia, foi nas artes de palco que se distinguiu, tanto na criação como na tradução de dramaturgias estrangeiras, de autores como Samuel Beckett e Harold Pinter.

Dramaturgia foi resistência à ditadura


De acordo com o Centro de Estudos de Teatro, Jaime Salazar Sampaio estreou-se no Teatro Nacional em 1961 com a peça "Pescador à linha".

Em 1969 viu encenada a peça "Os Visigodos", também pelo Teatro Nacional, e em 1970 "A batalha naval", pela Casa da Comédia.
Só com a mudança de regime, em 1974, é que as suas peças regressam aos palcos.

No total, mais de 60 espetáculos foram produzidos a partir de textos seus, como "Fernando talvez Pessoa" (1983), pelo Teatro Nacional D. Maria II, "O pescador à linha (sem deus nem chefe)" (1998), pelos Artistas Unidos, e "Árvores, verdes árvores" (2008), pelo Teatro Independente de Loures.

Num estudo publicado em 2003, a investigadora Maria João Brilhante refere que Jaime Salazar Sampaio foi influenciado pelo teatro do absurdo e que a sua dramaturgia "constituiu um ato de resistência contra a censura, o que justifica em parte a ambiguidade e o hermetismo dos seus textos de antes da revolução".

Projeto político


"O seu projeto não era menos político ao denunciar o desconcerto dos valores humanos no seio de uma sociedade burguesa que pactuava com o fascismo, por temer a desordem e a diferença", defendeu a investigadora do Centro de Estudos de Teatro.

Em 1999 Jaime Salazar Sampaio recebeu o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores pela obra "Um homem dividido", em 2005 foi distinguido com a medalha de honra da Sociedade Portuguesa de Autores.

Colaborou durante duas décadas com a SPA, organizando dezenas de sessões do ciclo "Dramaturgia e Prática Teatral". Além de teatro, publicou poesia como "Poemas Propostos" (1954) e "Silêncio de um Homem" (1960).

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Eu nada sabia deste autor, até que descobri um livro seu com 6 peças de teatro numa Feira do Livro em Santarém, e o dei a conhecer aos autores do Teatro Sá da Bandeira, que logo o quiseram levar a cena. A estreia contou com a presença do próprio autor.

DEUS QUER, O HOMEM SONHA, A OBRA NASCE!

I. O INFANTE Deus quer, o homem sonha, a obra nasce. Deus quis que a terra fosse toda uma, Que o mar unisse, já não separasse. Sagrou-te, e foste desvendando a espuma, E a orla branca foi de ilha em continente, Clareou, correndo, até ao fim do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, Surgir, redonda, do azul profundo. Quem te sagrou criou-te portuguez.. Do mar e nós em ti nos deu sinal. Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez. Senhor, falta cumprir-se Portugal!


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Sara Campos

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O que me dá autoridade para vos dizer o que aqui vos digo? A autoridade de filha que sabe o que é viver longe dos pais; a autoridade de criança que viveu num quadro de violência e de maus-tratos; a autoridade de criança que sempre viveu em instituições; a autoridade de mãe que sabe o que é viver longe da filha; a autoridade de ex que sabe o que custa um sacrifício para não afastar uma filha do pai e que, ainda por cima, é penalizada pela justiça no momento em que decide mudar de local de residência, em busca de melhores dias; a autoridade de quem viveu com crianças (muitas!) e sempre trabalhou (e ainda trabalha) com crianças. Em suma: toda a autoridade.